MUVITUR

MUVITUR - O MUSEU VIRTUAL DO TURISMO

 

 

1 - A génese do projecto

 

Corria o ano de 2001 quando surgiu, na ESHTE, com origem em actores locais, uma solicitação de colaboração tendo em vista reflexionar sobre a criação, no Estoril, de um museu do turismo. Por esta altura - e tanto quanto nos foi possível aperceber - a ideia dos patrocinadores da iniciativa estava centrada na criação de um museu tradicional, com dimensão física, susceptível de reunir, conservar, estudar e disponibilizar todo o rico acervo material que as múltiplas entidades relacionadas com a actividade turística foram produzindo ao longo de décadas.

 

Tratava-se de um projecto extremamente interessante e oportuno tendo em conta, não só a quantidade e a diversidade dos materiais existentes, mas também a sua dispersão e, mesmo, os riscos associados à sua (não) adequada preservação.

 

Do ponto de vista específico da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, a ideia foi acolhida com entusiasmo e empenho, já porque se considerava que o turismo detinha uma tal importância social e económica - nacional, regional e local - que justificava plenamente a dignidade de ser alvo de um processo de fixação das suas memórias, já porque uma tal iniciativa ia de encontro aos seus interesses e necessidades específicas, o acesso fácil dos seus docentes e discentes a fontes de informação organizadas e estruturadas, ao longo do eixo do tempo, mas também dos eixos espaciais e temáticos.

 

Por razões nunca esclarecidas o projecto “Museu do Turismo”, no Estoril, foi abandonado, remanescendo, contudo, a centelha da relevância e da oportunidade da ideia, nos seus múltiplos significados  - institucional, social, económico e científico -, no acerto da sua localização, nas arcadas do Estoril (Avenida Aida/Avenida Clotilde), um dos berços emblemáticos do turismo nacional, na pertinência dos actores envolvidos, a ESHTE, a então escola superior de hotelaria e turismo por excelência.

 

Anos mais tarde (2011), o Sr. Celestino Domingues - um grande estudioso do turismo, um dos maiores colecionadores privados de materiais turísticos e um grande amigo da ESHTE - manifestou a intenção de doar à Escola parte do seu acervo particular. Tratando-se de uma iniciativa de grande generosidade à qual a ESHTE tinha obrigação de responder condignamente, não deixou, contudo, de agravar um problema já existente: que fazer de todos os materiais já existentes e a incorporar nas coleções da instituição? Como lhes dar dignidade e utilidade social e científica? Como agradecer aos doadores passados, presentes e futuros? Como desempenhar, neste particular, o desígnio e a missão de instituição de ensino público? Como contribuir para o desenvolvimento do turismo nacional, em geral, e o da Costa do Estoril, em particular?

 

Entretanto, no decorrer dos anos que separam os dois episódios atrás aludidos, uma verdadeira (r)evolução vinha ganhando relevância e abrangência, uma revolução tranquila mas com reflexos profundos em todos os domínios, a revolução digital, com toda a sua parafernália de novas ferramentas e de novas opções disponibilizadas. A museologia e os museus não constituíram excepção a este movimento uniformemente acelerado, começando a incorporar novas plataformas de comunicação e novas tecnologias de estruturação. A virtualização dos museus dava os primeiros passos, por caminhos então ainda nebulosos, mas que já se pressentia anunciar as auto-estradas em que se viriam a transformar no futuro.

 

Tal como no processo de formação de um cristal através de um núcleo e de uma solução saturada, foram os três factos já aludidos aqueles que estiveram na base da génese do projecto Muvitur (o cristal): a ideia de museu físico do turismo (o núcleo de agregação); a doação de materiais por parte do Sr. Celestino Domingues (a solução saturada); a evolução tecnológica (a temperatura necessária e indispensável ao fenómeno da cristalização). Neste quadro genético,  não é de estranhar que o projeto do Museu Virtual do Turismo (MUVITUR) pretendesse, desde a sua concepção, constituir uma montra de resultados, susceptível de testar o conceito e despoletar, junto a possíveis parceiros, um efeito demonstrativo da sua valia e do seu potencial.

 

 

2 - O Desenvolvimento do projecto

 

 

Existindo a ambição de construir um museu virtual do turismo com os propósitos atrás enunciados, foi necessário, ainda numa fase inícial, estabelecer os seus princípios orientadores, princípios esses susceptíveis de constituir uma “carta de intenções” orientadora dos trabalhos futuros, mas também configurar um pacto de colaboração a apresentar às entidades externas. No conjunto desses princípios inicialmente definidos são de salientar:

 

O Muvitur seria uma iniciativa da ESTE aberta a todas as instituições congéneres.

O Muvitur seria uma iniciativa da ESHTE aberta a todas as comunidades.

O Muvitur seria uma iniciativa da ESHTE aberta à colaboração de todos os interessados.

O Muvitur visaria a promoção do turismo nacional no seu todo.

O Muvitur deveria tender para uma solução de gestão partilhada e igualitária.

O Muvitur integraria o esforço de retorno social da ESHTE.

O Muvitur não visaria outras mais-valias do que o desenvolvimento pessoal e colectivo do colectivo próximo e alargado.

O Muvitur seria uma plataforma solidária, não confessional e independente de interesses particulares (mesmo os da ESHTE).

 

Dentro destes parâmetros de actuação, foram definidas duas fases principais no seu processo de estruturação:

 

Fase 1 - correspondendo à fase de criação e de lançamento do projecto. Nesta, a gestão e os investimentos necessários, embora podendo ser partilhados com outras instituições, seriam maioritariamente da ESHTE, a qual assumiria um papel liderante. Esta fase teria como objectivo principal a organização, estruturação e estabilização do projecto na sua formatação inicial, bem como a produção de um protótipo” do que se pretendia desenvolver, tendo em vista captar investimento externo e entidades, nacionais e internacionais, colaboradoras.

 

Fase 2 - correspondendo à fase de desenvolvimento do projecto e à sua cabal abertura ao exterior. Esta fase compreenderia o aprofundamento e o alargamento da iniciativa para outros domínios, bem como a incorporação, enquanto gestores de plenos e de iguais direitos, de outras instituições - de ensino, museológicas, empresariais, associativas. Seria nesta fase que deveria ser definido o modelo de gestão do Muvitur e aprovados os seus regulamentos de funcionamento.

 

 

3 - O futuro do Projecto

 

Um projecto desta natureza e com esta dimensão precisa de ser continuamente alimentado e atualizado mediante o trabalho de uma equipa multidisciplinar. Necessita igualmente que, ao ser considerado uma prioridade e elemento diferenciador da ESHTE relativamente a outras instituições congéneres, um ou dois elementos da equipa se possam dedicar integralmente ao mesmo.

 

Os desafios, como já mencionado, incluem áreas muito diversas que vão desde a conservação ao reforço de conteúdos, à promoção e divulgação, visando demonstrar a utilidade e a imprescindibilidade da sua existência na área do turismo. Desde logo, pretende-se incrementar a investigação e promover a articulação entre investigação e ensino, numa perspetiva colaborativa. Perspetiva esta que vai ser aprofundada mediante a formalização de protocolos de colaboração com os parceiros portugueses e estrangeiros.  Evidentemente que não poderemos secundarizar a angariação de fundos absolutamente vital para a existência do mesmo. No sentido de tornar o MUVITUR acessível nas várias partes do mundo ir-se-á proceder à tradução de conteúdos e termos de indexação, nesta primeira fase para a língua inglesa, bem como proceder à melhoria do site em termos de acessibilidade e design.

 

 

 

Fernando João Moreira

Consultor Científico

Professor Adjunto da Área Científica de Planeamento Turístico

 

Maria José Aurindo

Coordenação Operacional

 

 

Maria Mota Almeida

Coordenação Científica

Professora Adjunta da Área Científica de Ciências Sociais e Humanas

 

 

[por opção dos autores, este artigo segue a grafia anterior ao corrente acordo ortográfico]