Mobilidade em Hotelaria

Mobilidade em Hotelaria – sim ou sim?

 

 

Começo por dizer que antes de entrar na ESHTE, os meus planos de ter alguma experiência fora de Portugal eram inexistentes. Se temos sítios tão bons e hotéis/empresas tão reputados no nosso país, porquê sair? Já voltamos a esta pergunta.

 

O que escrevo aqui é muito baseado na minha experiência na Licenciatura em Direção e Gestão Hoteleira (DGH), que concluí em 2016, mas acredito que muitas coisas são transversais a todos os cursos lecionados na ESHTE. Acho também relevante dizer que trabalho há três anos e meio no Grupo Pestana – comecei na Receção do Pestana Cidadela Cascais – Pousada & Art District, onde estive durante dois anos, e atualmente desempenho as funções de Coordenador de Eventos no Pestana Palace Lisboa – Hotel & National Monument, onde estou desde 2018.

 

Em primeiro lugar, o que é isto de mobilidade? Que benefícios podemos tirar de uma experiência internacional, sejam eles pessoais ou profissionais? Diz o dicionário que mobilidade é a qualidade do que é móvel. Que é algo que, na minha opinião, todos devemos ser – mesmo que não façamos tenções de sair de Portugal. Durante todo o nosso percurso académico, e sobretudo para quem escolhe cursos ligados ao Turismo e Hotelaria, é frequente abordar-se o tema do multiculturalismo e a sua importância. Este é um conceito que ganha forma quando temos uma experiência fora do nosso país.

 

No meu caso em concreto, não quis fazer Erasmus para estudar. Aproveitando o facto de ter dois estágios obrigatórios durante o curso, decidi que o meu estágio em F&B seria fora de Portugal. Essa vontade inicialmente não partiu de mim porque, como disse no início, não fazia parte dos meus planos ir para fora. O facto de ir acompanhado de três pessoas fez com que esta ideia começasse a ganhar forma. Faltava decidir o sítio, mas não tardou muito. A escolha foi Santorini, na Grécia.

 

O primeiro impacto, confesso, não foi o melhor. A contrastar com aquelas paisagens incríveis todos tínhamos a  ansiedade e o nervosismo normais para quem está prestes a começar uma jornada de três meses fora de casa. Mas depressa esse nervosismo se transformou em vontade de começar a trabalhar e mostrar aquilo de que éramos capazes. Poucos dias depois estávamos totalmente ambientados à ilha e à vida na ilha – só não dominávamos o grego!

 

Quanto ao trabalho em si, sentimos que as pessoas têm os portugueses e o trabalho que desempenham em ótima conta. Nós carregávamos ainda nas costas o “peso” de virmos da ESHTE porque, inevitavelmente, as expectativas são maiores. Mas acho que não desapontámos.

 

As minhas tarefas dependiam do horário em que estava, mas no fundo era manter a roda a girar: de manhã, serviço de pequenos-almoços e almoços, à tarde o serviço de jantares. Comum a todos os turnos era o room service e o apoio à piscina. Fomos sempre muito bem acolhidos e para primeira experiência fora de casa não podia ter pedido melhor. Sendo um hotel de 5 estrelas, cujo preço médio ronda os 800€ por noite, elevava a pressão e era obrigatório que correspondêssemos àquilo que esperavam de nós.

 

O que tirei de positivo destes três meses? Tudo. Primeiro, as pessoas que conheci. Foi a primeira grande experiência laboral, o que me permitiu aprender como funciona um hotel na prática. A importância do trabalho em equipa e da coordenação essencial entre todos os departamentos para poder entregar o serviço perfeito ao cliente. Aprender a olhar e a dar importância aos detalhes, porque é isso que o cliente espera de nós. No exercício diário da minha profissão, estes dois fatores são cruciais. Como Coordenador de Eventos sou responsável por garantir que todos os departamentos do hotel estão informados sobre tudo o que o cliente pretende, e tudo isso assenta numa boa comunicação e num grande trabalho de equipa. Trabalhando num hotel de 5 estrelas, que pertence à Leading Hotels of the World, a atenção ao detalhe é o que nos diferencia e o que faz o cliente escolher fazer um evento connosco.

 

Em jeito de conclusão, se duvidarem em ter uma experiência internacional pensem que não só é um fator diferenciador em qualquer currículo, como é profundamente enriquecedor perceber que existem pessoas e métodos de trabalho diferentes dos nossos e como podemos usar essas diferenças a nosso favor, na nossa profissão e na nossa vida!

 

 

Duarte Assis Teixeira

Licenciado em Direção e Gestão Hoteleira