A GERAÇÃO ERASMUS

A GERAÇÃO ERASMUS – UMA IDENTIDADE EUROPEIA

 

 

O primeiro programa Erasmus foi criado pela Comunidade Europeia em 1987, contemplando apenas a Mobilidade de Estudantes Universitários, e a que Portugal aderiu desde logo. Em janeiro de 2014, surgiu um segundo programa, o Erasmus +, desta feita com uma abrangência extraordinária, que visa oportunidades de mobilidade ao nível da educação, formação, juventude e desporto. Calcula-se que, relativamente ao Ensino Superior, permita a mobilidade a mais de dois milhões de estudantes e a perto de 800 mil professores.

 

Como docente da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), tenho participado, desde 2009, no acolhimento a estudantes estrangeiros e inclusivamente professores, interagindo ao nível das visitas que lhes são proporcionadas (Évora, Sintra, Estoril, Cascais, Parque das Nações, entre outras); tenho-os recebido também como alunos, nas aulas de Introdução ao Turismo, História de Portugal e Prática Profissional, onde parte da comunicação é feita em inglês sem prejuízo dos restantes alunos. Para além destas acções beneficiei também da oportunidade de mobilidade.

 

A fim de que possamos ter uma ideia, e com o apoio, da Dra. Maria de Jesus Perdigão, do Gabinete de Relações Internacionais e Mobilidade da ESHTE, foi possível apurar quais os principais países emissores destes alunos incoming, entre os anos letivos de 2006-2007 até 2018-2019.

 

Deste modo, verifica-se que nos chegam um pouco de todos os Estados-Membros da UE, com maior incidência de  Espanha, República Checa, Bélgica, Turquia, Polónia, França, Hungria, Grécia e Holanda, entre outros. Por experiência própria, condição sine qua non, a fim de interagir com estes alunos é imprescindível uma boa fluência nos idiomas, pelo menos ao nível do inglês.

 

A oportunidade de convivência com a maior parte destes alunos, que ficam em média um semestre, dá-me ensejo de observar as actividades que aqui desenvolvem e de saber os motivos que os levam a escolher Portugal para a mobilidade: o custo e a qualidade de vida pesam bastante no momento da escolha, a maioria não dispõe de muito dinheiro; o clima é outra das razões invocadas, comparativamente ao norte da Europa; a proximidade do Atlântico, as praias e a possibilidade de praticarem surf ou de o aprender; o facto do país ser pequeno, tranquilo e seguro dá-lhes confiança para viajar e conhecer outras áreas, inclusive para mais tarde voltarem com as famílias; mesmo depois de terminada a mobilidade, muitos arranjam trabalho, para ficar mais algum tempo; a cidade de Lisboa constitui outra razão, dada a animação permanente ao longo do ano; e, sobretudo, todos são unânimes em considerar os portugueses muito acolhedores e amistosos.

 

Após trinta e dois anos sobre o primeiro programa Erasmus, como muitos analistas políticos já previam, estamos a assistir ao surgimento de uma nova geração na Europa, a “Geração Erasmus”, a concorrer para a formação de uma Identidade Europeia, significando que a diversidade comunitária deixou de ser um problema e passou a ser uma característica.

 

 

Isabel Baptista

Professora das Áreas Científicas de Técnicas de Turismo e de Ciências Sociais e Humanidades