A Taste of Blake

a-taste-of-blake-cartaz-miac-09-11-2016

A ESHTE é parceira na iniciativa com a intervenção dos alunos do Mestrado em Inovação em Artes Culinárias.

A participação é limitada e requer inscrição através do e-mail: rp.el@letras.ulisboa.pt

Programa disponível, aqui.

 

"Um Gosto a Blake I e II

 

Edgar Morin refere que todo conhecimento é uma tradução e uma reconstrução. É a partir da ideia de interdisciplinaridade e transdiciplinaridade que Edgar Morin sugere que as áreas do saber devem estar interligadas num diálogo constante. (MORIN, 2010) O programa proposto para “Receber / Percepcionar Literatura Inglesa”, onde se recebe e percepciona William Blake, desafiou os alunos do Mestrado em Inovação em Artes Culinárias da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, a apresentar dois momentos de intervenção gastronómica. 

Em “Um Gosto a Blake I e II” interpretam a obra de William Blake a partir da gastronomia, com o objetivo de proporcionar uma experiência multissensorial que seja passível de ser reconhecida na obra de Blake. 

“What is real? How do you define real? If your are talking about what you can feel, what you can smell, what you can taste and see then real is simply electrical signals interpreted by your brain” (Morpheus in The Matrix, HADEN, 2005)

A ideia de que todos percebemos a mesma realidade é uma ilusão. A partir da percepção individual traduzem-se estímulos que surgem do exterior e que permitem reconstruir a realidade conforme os próprios processos internos. (MORIN, 2010) 

Receber e percepcionar a obra de William Blake e traduzi-la através de sabores, cores, formas, cheiros e texturas é um exercício que tem tanto de artístico quanto científico. 

Um Gosto a Blake não se centra apenas nos conceitos de interpretar e traduzir. A partir da gastronomia é necessário experimentar. Uma experimentação que questiona as regras da culinária que determinam o valor da verdade em relação à obra interpretada.

 O experimentalismo científico atribuído pela química dos alimentos procura uma resposta sensorial através de uma metáfora que cria uma experiência sensorial, cujo objetivo será despertar a emoção. Uma emoção que terá diferentes leituras no processo de recepção e percepção. 

Os possíveis efeitos deste processo de recepção na interpretação de quem experiencia, traduzem o processo dos artistas culinários ao criarem um objeto que seja provocante, capaz de agarrar o olhar e provocar um prazer estético e sensorial, quer pelo fascínio, quer pela demonstração de uma "espécie de certeza plástica imediata". (LYOTARD, 1996; LIZÁRRAGA, 2000) Uma experiência de circunstância, efémera, concebida em função deste encontro com o objetivo de convencer e testemunhar a obra de William Blake a partir da gastronomia."